O Brasil, reconhecido como o gigante global na produção de açúcar, desempenha um papel crucial no mercado internacional. Em 2023, com uma produção esperada de mais de 41 milhões de toneladas e um consumo interno de cerca de 10 milhões de toneladas, o Brasil se destaca não só como maior produtor, mas também como principal exportador de açúcar, tendo um excedente exportável de aproximadamente 30 milhões de toneladas, conforme informações da Czarnikow, trading britânica de alimentos e serviços.
“Este ano, vimos mudanças notáveis nos destinos do açúcar bruto brasileiro. A Arábia Saudita, tradicional importadora, aumentou suas compras em 44%, chegando perto de 1 milhão de toneladas. Isso ocorreu devido à redução da oferta indiana. O Iraque também seguiu esta tendência, com um aumento de 45% em suas importações”, afirmou a analista da trading britânica, Ana Zancaner.
Nos Estados Unidos, o volume de importações brasileiras triplicou, alcançando 700 mil toneladas, apesar das altas tarifas. “Embora seja um açúcar com tarifas elevadas (o que significa que paga US$ 360/tonelada, ou 16,33 c/lb), o mercado interno (No.16) ficou alto o suficiente para permitir que os compradores norte-americanos pagassem pelas tarifas altas e ainda mantivessem margens positivas”, pontuou a analista.
Além disso, o México se destacou ao importar açúcar bruto brasileiro pela primeira vez, um reflexo direto dos impactos do El Niño em sua produção agrícola. “Um segundo ano de produção de pouco mais de 5 milhões de toneladas deixou o país dependente das importações para satisfazer a demanda interna, uma vez realizada as exportações para os EUA”, elucidou Ana.
Os principais destinos do açúcar Bruto e Branco Brasileiro em 2023
Desde 2020, a China é o principal destino do açúcar bruto brasileiro. Embora as margens spot das refinarias tenham sido negativas ao longo do ano, o Sistema de Licenças Automáticas de Importação (AIL) acabou obrigando as refinarias a comprarem o mesmo com prejuízo.
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Em segundo lugar, vimos a Índia como principal destino do açúcar brasileiro. Esta é a primeira vez desde 2020 e resultado de uma segunda safra menor para o país maior produtor do mundo. O açúcar bruto é exportado para as refinarias costeiras, que por sua vez abastecem o mundo com açúcar orgânico – especialmente África e Ásia.
E sem surpresa, a Nigéria vem em terceiro lugar. A Nigéria é um país praticamente sem produção de açúcar e altamente dependente do açúcar bruto importado do Brasil, que é processado em suas refinarias. O país importa cerca de 2 milhões de toneladas por ano, todas destinadas ao consumo interno.
Já a exportação de açúcar branca foi diversificada, com destaque para a Mauritânia e o Senegal, e um aumento significativo nas importações pelo Djibuti.
As exportações de açúcar branco se espalham por cerca de 96 países, com a África sendo um continente chave.
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Mudanças Logísticas nas Exportações
A pandemia provocou uma mudança na logística de exportação, com uma redução no uso de contêineres e um aumento no transporte por carga fracionada. Essa tendência persistiu mesmo após a pandemia, com a concorrência do algodão por espaço nos contêineres.
“O papel do Brasil como líder mundial no fornecimento de açúcar é incontestável. Eventos climáticos adversos ou mudanças nas políticas de exportação de outros países, como a Índia, podem aumentar a dependência global do açúcar brasileiro. Isso exige uma atenção especial aos preços e à capacidade de exportação para garantir a estabilidade do mercado global de açúcar”, conclui a analista.
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